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Ambiente

O planeta Terra possui aproximadamente 4,6 bilhões de anos, o que pode ser considerado muito tempo, a depender do referencial. Para
nós, seres humanos, esse tempo é quase que inimaginável, uma vez que nossa existência no mundo data de algumas centenas de milhares
de anos. A invenção da escrita e a constituição das primeiras civilizações, por sua vez, são ainda mais recentes, iniciando-se há cerca de
sete mil anos ou até menos.
Em razão dessa brutal diferença de tempo, torna-se importante estabelecer a distinção entre a escala de tempo geológico e a escala de
tempo histórico. O tempo geológico refere-se ao processo de surgimento, formação e transformação do planeta Terra. O tempo histórico,
por sua vez, faz referência ao surgimento das civilizações humanas e sua capacidade de comunicação escrita.
Para se ter uma noção aproximada do quanto a existência do ser humano é um mero episódio recente no tempo geológico da Terra,
utilizamos algumas analogias. Por exemplo, se toda a história do planeta fosse resumida nas vinte e quatro horas de um dia, a existência da
humanidade teria ocorrido nos últimos três segundos desse mesmo dia. Por isso, quando falamos em uma formação de relevo
geologicamente antiga, estamos dizendo que ela se formou há alguns poucos milhares de anos, provavelmente em uma das últimas eras
Por falar em eras geológicas, vamos compreender melhor essa forma de classificação e periodização da evolução da escala de tempo
geológico. Confira a tabela a seguir:

Podemos notar que a periodização da Terra é dividida em Éons, estes agrupando as Eras, que agrupam os períodos, que se dividem em
épocas. Se nos atentarmos à escala de tempo representada, é possível notar que o primeiro éon, o Arqueano, durou cerca de dois bilhões e
cem milhões de anos, sendo a maior de todas as divisões temporais da Terra, pois foi o período de formação do planeta até o surgimento
das primeiras formas de vida.
Já no Éon seguinte, o Proterozoico, ocorreu o surgimento das primeiras formas de vida fotossintetizantes, além dos primeiros animais
invertebrados, o que durou cerca de um bilhão e novecentos milhões de anos. Depois disso, todas as evoluções das formas de relevo e das
formas de vida na Terra aconteceram nos quinhentos e setenta milhões de anos seguintes, durante o Fanerozoico.
É provável que você já tenha observado algumas tabelas diferentes com classificações distintas sobre o tempo geológico. Isso ocorre
porque há diferentes modelos de discussão e diferentes autores elaboraram formas distintas de organizar essa classificação, que pode
mudar à medida que novas descobertas arqueológicas aconteçam.
Os continentes em suas formas atuais, com o fenômeno da Deriva Continental, por exemplo, originaram-se há cerca de vinte e três milhões
de anos somente. O Pangeia, a massa única continental anteriormente existente, começou a dividir-se há mais ou menos quatrocentos
milhões de anos.
Compreender a dimensão do tempo geológico e suas escalas de medida torna-se um exercício mental fascinante para melhor compreender
a atuação do homem em relação a essa temporalidade e o seu papel de herdeiro de todas as transformações ocorridas no espaço terrestre
ao longo das eras geológicas.
Divisão da Pré-História nos períodos do existentes do homem.
A Pré-História é um período da história humana particularmente grande. A sua nomenclatura e larga duração remetem ao século XIX,
quando os primeiros vestígios da vida humana pré-histórica começaram a ser encontrados. Isso porque no século XIX existia a noção de
que a História só poderia ser feita por meio de documentos escritos e, assim, todos os acontecimentos anteriores ao surgimento da escrita
ficaram conhecidos como “Pré-História”.
A Pré-História abrange, aproximadamente, um período que se estende de 3 milhões de anos atrás a 3.500 a.C. e é dividida da seguinte
maneira:
Paleolítico:
O período Paleolítico é conhecido também como Idade da Pedra Lascada e esse nome faz referência aos objetos que eram utilizados pelo
homem para sua sobrevivência, que eram produzidos exatamente de pedra lascada. Esse período estendeu-se de 3 milhões de anos atrás a
10.000 a.C. e foi subdividido em três fases que são Paleolítico Inferior, Médio e Superior.
Cada um desses períodos possui as suas particularidades e veremos um breve resumo de cada uma delas, começando pelo Paleolítico
Inferior. Esse período começa a ser contado exatamente quando os hominídeos começaram a ter a habilidade de produzir as primeiras
ferramentas para sua sobrevivência.
Essas ferramentas foram obra do homo habilis e do homo erectus (o primeiro hominídeo a ficar numa posição totalmente ereta). Essa fase
estendeu-se de 3 milhões de anos atrás a 250 mil anos atrás.
O Paleolítico Médio compreendeu o período de 250 mil anos atrás a 40.000 a.C. e é caracterizado, principalmente, pela presença do homem
de Neandertal. O homo sapiens já existia nessa época, uma vez que seu surgimento aconteceu há 300 mil anos. Os estudos arqueológicos
mostram que nesse tempo o estilo de vida do homem tornou-se um pouco mais sofisticado com novas ferramentas sendo elaboradas e com o
uso do fogo sendo mais difundido.
Por fim, há também o Paleolítico Superior, que foi de 50.000 a.C. a 10.000 a.C. Nesse período, as ferramentas utilizadas pelo homem
passaram a ser elaboradas em grande diversidade. Eram produzidos pequenos anzóis, machados, agulhas e até mesmo a arte começou a ser
concebida pelo homem. No caso da arte, o destaque vai para a pintura rupestre, realizada nas paredes das cavernas.


Abrangendo os três períodos, resumidamente, o Paleolítico é um período em que o homem sobrevivia da coleta e da caça, sendo
fundamental, no caso da caça, a elaboração de ferramentas para auxiliá-lo na obtenção do alimento. Por depender da caça e coleta, o
homem era nômade e mudava de lugar quando os recursos do local que estava instalado ficava escasso.
Como a temperatura geral da Terra era mais amena, sobretudo nos períodos de glaciação, o homem vivia nas cavernas para proteger-se
do frio. As ferramentas utilizadas poderiam ser feitas de ossos, pedras e marfim. No fim do Paleolítico, o ser humano começou a
experimentar as primeiras experiências religiosas, e o desenvolvimento do estilo de vida dos homens fez com que eles
desenvolvessem rituais funerários, por exemplo.
Mesolítico:

O Mesolítico é uma fase intermediária entre o Paleolítico e o Neolítico que aconteceu em determinadas partes do mundo. Os especialistas
em Pré-História destacam que o Mesolítico aconteceu, sobretudo, em locais onde houve glaciações intensas. Aconteceu na Europa e em
partes da Ásia e estendeu-se, aproximadamente, entre 13.000 a.C. e 9.000 a.C.
Esse período marcou a decadência dos agrupamentos humanos que viviam exclusivamente da caça em detrimento daqueles que eram
caçadores e coletores. Ficou marcado também pelo desenvolvimento da olaria (produção de cerâmica) e da técnica para produção de tecidos.
Considera-se o fim desse período o momento em que a agricultura foi desenvolvida
Neolítico:

O Neolítico é a última fase do período pré-histórico e estendeu-se de 10.000 a.C. até 3.000 a.C. Essas datas (que são aproximativas)
assinalam dois marcos importantes para a história do desenvolvimento humano. Primeiro, houve o surgimento da agricultura, um
importante marco para a sobrevivência do homem e, por fim, houve o desenvolvimento da escrita.
Com o desenvolvimento da agricultura, o homem conseguiu mudar radicalmente o seu estilo de vida, uma vez que a agricultura permitia o
homem fixar-se em um só local (sedentarização do homem), sobrevivendo de tudo o que ele produzia. O domínio da agricultura também
levou o homem a desmatar a floresta e desenvolver campos de plantio.
Junto do desenvolvimento da agricultura veio também a domesticação dos animais, que auxiliava o homem no transporte de carga, na
agricultura, como animal de tração, servia de alimento e até mesmo como meio de transporte. Todas essas novidades, que possibilitaram a
sedentarização humana, resultaram na formação de enormes agrupamentos humanos que, com o tempo e conforme cresciam, tornaram-se
as primeiras cidades do mundo.
O Neolítico também ficou marcado pelo desenvolvimento da arquitetura, o que permitia o homem construir casas de pedra e construções
megalíticas. Essas últimas, até hoje, não tiveram sua finalidade muito bem esclarecidas pela arqueologia. A olaria surgiu em muitos lugares e
foi aprimorada em outros.
Ao passo que os agrupamentos humanos cresciam, as sociedades que se formavam tornavam-se mais complexas e mais desiguais, uma vez
que as pessoas que estavam diretamente envolvidas com o gerenciamento dos recursos tornavam-se mais importantes e mais influentes.
O fim do período Neolítico ficou marcado pelo desenvolvimento da metalurgia, isto é, a capacidade de produzir ferramentas a partir da
fundição de metal e pelo desenvolvimento da primeira forma de escrita da humanidade, a escrita cuneiforme.
Idade dos Metais:
O desenvolvimento de técnicas de fundição de metais possibilitou o abandono progressivo dos instrumentos de pedra.
O primeiro metal a ser fundido foi o cobre, posteriormente o estanho. Da fusão desses dois metais, surgiu o bronze, mais duro e resistente,
com o qual fabricavam espadas, lanças etc. Por volta de 3000 a.C. produzia-se bronze no Egito e na Mesopotâmia.
A metalúrgica do ferro é posterior. Tem início por volta de 1500 a.C., na Ásia Menor. Por ser um minério mais difícil de ser trabalhado
difundiu-se lentamente.
Em razão da sua superioridade para a fabricação de armamentos, o ferro contribuiu para a supremacia dos povos que souberam utilizá-lo
com essa finalidade.

Divisão do trabalho na Pré-História:

A divisão do trabalho na Pré-História foi acontecendo conforme o estilo de vida dos agrupamentos humanos foi ficando mais sofisticado.
Sendo assim, os homens foram sendo responsáveis pela caça de animais, enquanto que as mulheres foram tornando-se responsáveis
pela coleta de alimentos para alimentarem-se e alimentarem seus filhos. À medida que a agricultura foi desenvolvida, essa atividade
também passou a ser responsabilidade, em geral, das mulheres.
A professora e socióloga alemã Maria Mies sugere que a sobrevivência dos agrupamentos humanos, durante parte da Pré-História, foi
possível, sobretudo, a partir do papel desempenhado pelas mulheres, uma vez que grande parte do alimento consumido era oriundo da
coleta e da agricultura, e uma parte diminuta era resultado da caça, função masculina.
O Fogo na Pré-História:

Como o fogo foi a primeira fonte de energia descoberta, controlada e usada pelos humanos, no começo eles só sabiam transportá-lo.
Um dos primeiros capítulos da história do fogo foi o atrito entre dois pedaços de madeira, que só foi escrito muito depois. Isso porque o
homem viu que saíam faíscas de dois galhos que se esfregavam com o vento.
Segundo pesquisas arqueológicas, os povos primitivos começaram a produzir fogo no período neolítico. Ou seja, aos 7 mil anos a.C. Mas
não foi fácil, pois eles precisaram usar tipos diferentes de pedras até encontrarem as melhores para produzir as chamas.
Nessa busca, diversos utensílios foram criados para ajudar. Um deles foi um disco de madeira que era girado rapidamente nas palmas das
mãos e pressionado em uma superfície plana também de madeira. Depois, as puas de arco e corda, que eram mais rápidas na criação do
calor.
Geralmente, a produção do fogo exigia muito trabalho. Por isso, alguns povos indígenas mantinham de prontidão uma equipe que
garantia que a brasa nunca se apagasse.
Uma boa dica para conhecer essa história é o filme “A Guerra do Fogo“, de 1981. De maneira romanceada, ele conta como foi a descoberta
do fogo pelos homens primitivos.